Fogo da Regeneração

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O Nó dos Deuses sobreviveu. MaRa e Costelor conseguiram derrotar os Decaídos, mas sua vitória deixou cicatrizes profundas na estrutura do Multiverso. As realidades foram desestabilizadas e as cordas, aqueles fios invisíveis que teciam a ordem e o caos, agora vibravam numa frequência diferente. Os universos paralelos, uma vez harmonizados, estavam agora dispersos, à deriva, como ilhas perdidas num oceano infinito e desconhecido.

MaRa olhou para a extensão cósmica ao redor do Nodo, que lentamente retornava a alguma forma de equilíbrio. Mas algo não estava certo. Uma inquietação sutil, uma tensão que não desapareceu com a derrota dos Decaídos. No fundo, ela sentiu que a luta não havia acabado. O nó não era totalmente estável e as cordas que compunham o Multiverso começavam a revelar rachaduras muito mais profundas do que ele imaginava.

“Eu venci uma batalha”, ela disse suavemente, olhando para CosTelor, que flutuava ao lado dela. "Mas a guerra não acabou."

CosTelor, ainda cansado do esforço de manipular as cordas contra os Decaídos, também sentiu esse desconforto. "Algo se agita além da nossa percepção. As cordas são alteradas e não apenas temporariamente desestabilizadas. É como se o Nodo não fosse mais a fonte central de energia do Multiverso.”

MaRa fechou os olhos, tentando sentir o fluxo sutil de realidades entrelaçadas em torno do Nodo. Além do limite de sua percepção, ele sentiu uma força latente, como uma energia esperando para ser liberada. Nas profundezas das tiras pulsava um poder desconhecido, que não vinha do Multiverso que eles haviam guardado até agora.

“Precisamos chegar à fonte desta energia”, disse MaRa, determinado. “Sinto algo... algo antigo, mas diferente dos Old Makers. Uma força que foi despertada quando desestabilizamos as cordas.”

Costelor olhou para ela com uma sobrancelha levantada, mas não protestou. Ele sabia que MaRa tinha uma intuição que raramente falhava. "Onde você sente essa fonte?"

MaRa aponta para o que parecia ser um ponto infinitamente distante na vastidão do espaço interdimensional. “Está além de qualquer realidade que conhecemos. Um lugar onde as tiras se encontram e se desfazem simultaneamente. É para lá que temos que ir."

Sem hesitar, os dois dirigiram-se para aquele ponto além dos limites do conhecido. À medida que se aproximavam, podiam sentir a força que os puxava cada vez mais forte. A matéria e a energia começavam a comportar-se de forma estranha à sua volta, como se a própria realidade estivesse num estado de fluxo constante.

Quando chegaram ao seu destino, descobriram uma visão avassaladora: um nó de pura energia, mais vasto do que qualquer coisa que tinham visto antes. No meio deste campo de vibrações estridentes, uma forma brilhante, como um fogo cósmico, pulsava. Esta entidade não era feita de matéria comum; era uma forma de energia fundamental, parte do Multiverso, mas distinta dele.

"O que é isso?" perguntou CosTelor, fascinado e alarmado ao mesmo tempo.

“Fogo da Regeneração”, respondeu MaRa, plenamente consciente do que estava diante deles. “Este é um poder que existia antes das cordas, antes do caos e da ordem. É uma força primordial de criação e destruição, mas não é autoconsciente da mesma forma que os Antigos Criadores. Ela é a essência da regeneração do Multiverso.”

Naquele momento, o Fogo da Regeneração se moveu, como se respondesse à presença deles. Sua energia era tão intensa que a realidade circundante começou a vibrar violentamente. As cordas que sustentavam as realidades alternativas foram puxadas por essa força e começaram a se contorcer, como se fossem absorvidas por um poder muito maior.

MaRa rapidamente entendeu o perigo. “Se esta entidade despertar totalmente, ela absorverá todas as cordas e reescreverá o Multiverso do zero.”

"Reescrever?" perguntou CosTelor, chocado. "Isso destruiria tudo o que sabemos?"

“Não destrua, mas restaure”, disse MaRa. “O Fogo da Regeneração é cíclico. Ele reescreve a realidade de tempos em tempos, mas cada regeneração destrói o que existia antes e cria um novo Multiverso. Este é o mecanismo final da criação.”

CosTelor estreitou os olhos. "Então estamos condenados?"

MaRa virou-se para ele, consciente da gravidade da situação. "Ainda não. Existe uma chance. Se conseguirmos estabilizar as cordas antes que o Fogo da Regeneração atinja o seu pico, poderemos evitar uma reescrita completa. Mas será necessária uma força imensa para manter o equilíbrio.”

Enquanto falavam, o Fogo começou a aumentar de intensidade. Sua energia começou a se espalhar pelas cordas, reescrevendo partes do Multiverso em um ritmo alarmante. Realidades inteiras estavam desaparecendo num piscar de olhos, substituídas por variantes instáveis ​​e caóticas.

MaRa e Costelor amarraram-se mentalmente às tiras, tentando estabilizá-las. Eles sentiram cada fibra do seu ser vibrando em conjunto com a estrutura da realidade. Mas o Fogo era imenso, muito mais poderoso do que qualquer coisa que tivessem encontrado antes.

“Não podemos manter isto sob controle por muito mais tempo”, disse CosTelor, cerrando os dentes enquanto as tiras quase escapavam do controle.

MaRa sabia que ele estava certo. A única chance que tinham era desligar completamente a fonte do Fogo, mas para isso tinham que entrar no seu núcleo. Sem hesitar, MaRa concentrou toda a sua energia e avançou em direção ao centro desta entidade colossal. CosTelor a seguiu, sentindo a realidade desmoronar ao seu redor.

Ao entrarem no núcleo do Fogo da Regeneração, sentiram uma explosão de energia pura. Eles foram completamente absorvidos por esta força primordial, cada átomo do seu ser tornou-se parte do tecido energético que reescreveu a realidade. E, no entanto, nesse estado de fusão absoluta, MaRa encontrou um ponto de estabilidade – uma singularidade no centro do caos regenerativo.

Esse ponto foi a chave. Um lugar onde todas as realidades convergem, onde as cordas ainda não foram reescritas.

“Aqui,” MaRa sussurrou, sua voz carregada pelo fluxo de energia. "É aqui que podemos intervir."

Com um último empurrão, MaRa e CosTelor conseguiram conectar as cordas a essa singularidade. A teia de realidades começou a vibrar com nova força e o Fogo da Regeneração começou a diminuir. Estavam perto do colapso, mas as cordas, agora sincronizadas, começaram a desligar a fonte de energia, mantendo o equilíbrio.

Numa explosão final de luz, o Fogo extinguiu-se lentamente, como se tivesse sido empurrado de volta ao seu estado adormecido. A realidade circundante começou a se estabilizar. O multiverso foi salvo – mas não sem grandes mudanças.

MaRa e CoTelor se encontraram flutuando no espaço silencioso do Nó, com a respiração lenta, mas pesada. Eles sabiam que não tinham conseguido parar completamente a regeneração, apenas a atrasaram. O Fogo da Regeneração não foi destruído, apenas subjugado por um tempo.

“Ganhamos tempo”, disse CosTelor, com cansaço profundo em sua voz.

MaRa assentiu. “Sim, mas vai voltar. E da próxima vez será ainda mais forte."

Olhando para a vastidão do Multiverso, eles sabiam que o equilíbrio que protegiam estava agora mais frágil do que nunca. O Fogo da Regeneração não poderia ser interrompido para sempre. Mas o que descobriram deu-lhes uma nova compreensão: a regeneração não era o seu inimigo, mas uma parte inevitável da existência. Eles tiveram que aprender a trabalhar com esta força, e não contra ela.

“Encontraremos uma maneira”, disse MaRa com determinação renovada. “Encontraremos uma forma de manter o equilíbrio, mesmo diante da regeneração.”

E assim, no silêncio cósmico do Nodo, os dois observadores se prepararam para o que estava por vir. O Fogo da Regeneração lhes deu uma folga, mas o futuro do Multiverso era agora mais incerto do que nunca.

Autor

  • Nasceu em 31 de janeiro de 1978, em Bucareste. Engenheiro diplomado pela Universidade "Politehnica" de Bucareste, Departamento de Ciências da Engenharia, Ramo Francófono, Divisão Elétrica, especialização "Engenharia Elétrica e de Computação" (cursos em francês), estudos aprofundados na área de engenharia elétrica na École Polytechnique Fédérale de Lausanne na Suíça (cursos de francês e inglês), especialização de pós-graduação em pedagogia no Departamento de Formação de Pessoal Docente da Universidade "Politehnica" de Bucareste. Doutor em engenharia com a qualificação "muito bom" (magna cum laude) na área de engenharia elétrica pela Universidade "Politehnica" de Bucareste, Faculdade de Engenharia Elétrica. Professor universitário (preparador, assistente, chefe de trabalhos) há 21 anos na Faculdade de Energia da Universidade "Politehnica" de Bucareste e membro da Comissão para o Desenvolvimento da Criatividade da Academia Romena de Cientistas (AOSR). Conselheiro do Ministério da Educação, Centro Nacional de Reconhecimento e Equivalência de Diplomas desde 2007. Membro da Associação Geral de Engenheiros Romenos (AGIR), da Associação "Sociedade Científica ICPE" (SS ICPE), do Centro de Ciências , Prospectiva, Criatividade e Ficção (StrING Center) e voluntária no projeto TROM.

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