A Nova Fundação
MaRa caminhava pela vastidão de um espaço que ela não conseguia definir. Os Multiversos Imaginários eram apenas uma fração do que ele havia descoberto até agora. Diante dela, uma paisagem que não pertencia a nenhuma realidade conhecida se desenrolava com uma beleza assustadora – planetas sobrepostos na mesma dimensão, arquiteturas colossais de luz e sombra e corredores que pareciam levar ao infinito.
Neste novo universo, nem o espaço nem o tempo tinham os significados que ele entendia até então. As vibrações da tanga não apenas delineavam a estrutura da realidade, mas pareciam ser a estrutura primordial de tudo o que existia, uma teia de possibilidades inexploradas.
“É aqui que tudo começa”, disse uma voz familiar atrás dela.
MaRa virou-se lentamente. À sua frente estava CosTelor, um ex-colega que havia desaparecido durante uma missão anterior, que se acredita ter sido engolido por uma fenda no espaço-tempo. Mas CosTelor agora parecia... diferente. Ele parecia mais que humano. Seus olhos, de clareza sobre-humana, refletiam não apenas luz, mas algo mais profundo, como se pudessem penetrar na essência de qualquer forma de existência.
“Como… você está aqui? O que aconteceu com você? MaRa perguntou, lutando para manter a compostura.
Costelor sorriu enigmaticamente. "Eu não estava perdido. Eu estava... transformado. Aqui na Nova Fundação a realidade não é a que conhecíamos. É algo maior, um conceito que transcende a nossa percepção limitada. Tudo o que pensávamos saber sobre cordas, multiversos, espaço e tempo – tudo isso são apenas reflexos parciais de uma verdade muito maior.”
"A Nova Fundação?" repetiu MaRa. "Que lugar é esse?"
“É a origem de todas as coisas”, respondeu CosTelor. “É o lugar de onde todos os universos, todas as realidades e todas as imagens possíveis da existência derivam seu poder. Aqui, a consciência coletiva e as leis da física se fundem. Os pensamentos não apenas criam a realidade, mas também a moldam continuamente.”
MaRa entendeu agora que este lugar era o centro invisível do Multiverso – uma fonte de poder inimaginável e, ao mesmo tempo, de perigo. Uma vez compreendido como funcionava, seria possível reescrever a própria realidade.
Costelor se aproximou dela lentamente. “Você foi escolhido para pisar aqui porque foi o único sobrevivente de viagens anteriores. Você viu o desenrolar do tempo, o turbilhão do espaço e as sombras dos multiversos. Mas aqui na Nova Fundação vocês podem realmente entender como controlar todas essas forças. Aqui você pode se tornar mais do que apenas um viajante. Você pode se tornar um arquiteto da realidade.”
MaRa sentiu o peso das palavras de Costelor, mas não estava preparada para aceitá-las. “Se você foi transformado… por que não voltou? Por que você ficou aqui?
Costelor olhou-a longamente, como se ponderasse a decisão de lhe contar a verdade. "Não há como voltar aqui. Uma vez que vocês tenham entrado na Nova Fundação, vocês não poderão retornar às realidades comuns, porque elas se tornarão irrelevantes. O que descobri aqui é muito mais vasto do que qualquer coisa que já conheci. Mas cada decisão que você toma aqui tem consequências não apenas para você, mas para todo o Multiverso.”
MaRa observou-o em silêncio. Ele sentiu a força deste lugar, sua atração irresistível, mas também o perigo escondido em suas promessas.
“E se eu não quiser me tornar um arquiteto da realidade? Se eu quiser apenas salvar o mundo que deixei para trás?”
Costelor sorriu novamente, mas desta vez havia um traço de tristeza em seu sorriso. "Você não pode voltar a ser como era. A nova Fundação oferece apenas uma escolha: criar ou ser criado. Se você recusar, você se tornará parte do caos criativo deste lugar, absorvido pelas energias que definem tudo."
MaRa sentiu a realidade ao seu redor começar a pulsar no ritmo de sua respiração. Cada pensamento parecia alterar a estrutura circundante, como se este lugar respondesse à presença da sua consciência.
“Tem que haver uma saída”, disse ela, com a voz trêmula, mas determinada.
“Não se trata de sair”, disse CosTelor, com os olhos ardendo com uma nova intensidade. “É uma questão de sua escolha moldar o que vem a seguir. Não há como voltar atrás. Você já está começando a ver como o espaço se molda a você. E isso é apenas o começo."
Naquele momento, algo enorme e invisível moveu-se pelo espaço entre eles. MaRa sentiu o ar ao seu redor ficar denso, quase palpável. Sombras de criaturas gigantescas feitas de pura energia pareciam passar pelos limites de seu campo de visão.
"Quem são esses?" ela perguntou, congelando no lugar.
“Eles são os guardiões das realidades”, respondeu CosTelor em voz baixa. “Entidades que zelam pela Nova Fundação. Eles garantem que nenhuma criação se torne demasiado caótica, demasiado perigosa para a própria estrutura da realidade.”
MaRa sentiu um medo profundo. Os Guardiões não pareciam seres que você pudesse enfrentar ou controlar. "E se eu decidir não criar nada?"
Costelor baixou a voz. "Então você será destruído."
MaRa olhou em volta. Ela sabia que não estava preparada para tal responsabilidade, mas, ao mesmo tempo, não tinha escolha. Diante dela, a realidade se desenrolava como uma página em branco de um livro enorme, esperando para ser escrita. Cada escolha que ele fizesse afetaria não apenas este mundo, mas todos os outros.
"Nova Fundação", ela disse calmamente, contemplando seu futuro. “Não é apenas uma base para universos. É a base de tudo o que pode existir. Tudo vai acontecer por minha causa... ou não vai acontecer de jeito nenhum.”
CosTelor deu um passo à frente, olhando para ela atentamente. “Agora você entende. Mas você tem que escolher. O que será, MaRa? Você criará um novo universo ou será engolido pelo caos?”
Respirando fundo, MaRa se preparou para fazer sua escolha final. E então, em sua mente, um pensamento surgiu: "Se tudo é moldado pela consciência... por que eu deveria me limitar a uma realidade?"
Costelor ficou em silêncio por um momento, surpreso. "O que você quer dizer?"
“Vou criar uma realidade que não é nem caos nem ordem”, disse ela. "Vou criar algo completamente novo. Um mundo flexível e estável. Um lugar onde os guardiões não têm poder e onde as leis são ditadas por quem o habita. Não quero ser o arquiteto definitivo. Quero oferecer a liberdade de criar.”
Costelor olhou para ela por um longo tempo, seu silêncio falando mais alto que qualquer palavra. "Essa é sua escolha?"
MaRa assentiu.
Então os guardas desaparecem e o espaço ao seu redor muda. A nova Fundação, este universo primordial, começou a vibrar em harmonia com os seus pensamentos.