Nó dos Deuses

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MaRa e Costelor flutuaram pela vastidão do novo Universo, longe de quaisquer fronteiras conhecidas. Depois de restaurar o equilíbrio do Vórtice do Infinito e reconciliar o caos com a ordem, eles descobriram uma nova dimensão da realidade – uma teia invisível que conectava todos os universos, todas as possibilidades. Mas agora, mais conscientes do que nunca da fragilidade desta ordem cósmica, sentiram que a realidade começava a mudar novamente.

No meio do caos renovado, o Coração do Infinito continua a bater silenciosamente, mas para MaRa e CosTelor tudo se tornou claro: o que eles pensavam ser o fim da sua aventura era apenas um passo num conflito muito maior. Esta tentativa de harmonia, pela qual tanto trabalharam, foi ameaçada por uma nova presença, muito mais subtil e perigosa do que as sombras do Infinito. Na rede de cordas, uma anomalia começava a se manifestar. Um ponto de resistência, uma força que não vibra em uníssono com o resto da realidade.

“Alguma coisa está chegando”, disse MaRa, com os olhos fechados, sentindo a tensão crescendo nas profundezas de sua mente. “As cordas são afetadas por outra presença. Um que eu nunca conheci."

CosTelor, ao lado dela, olhava atentamente para as teias de energia que ondulavam diante deles, contorcidas por uma força desconhecida. Ele também sentiu a mudança, uma frequência que não pertencia nem ao caos nem à ordem. Algo novo, mas antigo ao mesmo tempo. Uma presença que transcendia seus conceitos de realidade.

“Se não é do caos ou da ordem”, perguntou CosTelor, “o que poderia ser?”

MaRa abriu os olhos, olhos que agora pareciam refletir a luz de todas as dimensões. “Há um ponto no Multiverso… um nó que une todas as cordas. Um lugar onde todas as realidades se encontram, mas não apenas como meras dimensões paralelas. Este nó é mais antigo que o próprio Multiverso. As lendas chamam isso de Nó dos Deuses.”

Costelor ficou em silêncio por um momento. O Nó dos Deuses não era apenas um mito. Todas as civilizações avançadas do Multiverso tiveram alguma forma deste mito – um lugar onde criadores além da compreensão humana vigiavam as realidades, mantendo-as num equilíbrio precário. Mas poucos acreditavam que este lugar realmente existisse.

“Você acha que esses... deuses controlam tangas? Que eles criaram o caos e a ordem?” perguntou CosTelor, com olhar incrédulo.

MaRa assentiu lentamente. “Não acho que eles criaram tudo, mas se o Nodo existe, são eles que colocam em movimento as realidades como as conhecemos. E se sentirmos essa presença agora, significa que algo está acontecendo nesse nível fundamental.”

Diante deles, o espaço começou a se abrir, revelando um portal, um rasgo no tecido da realidade que vibrava com uma energia avassaladora. Não se tratava de uma mera dissonância entre cordas, mas de um ponto de encontro de todas as forças que compunham o Multiverso. Estava claro que o Nó dos Deuses havia se tornado ativo e que uma presença desconhecida se preparava para intervir na sua realidade.

MaRa e Costelor não tiveram escolha. Eles tiveram que entrar neste Nodo e descobrir a origem das perturbações antes que todo o equilíbrio cósmico fosse destruído. Diante deles, o portal vibrava com um poder estranho, convidando-os a entrar no coração do maior enigma do Multiverso.

Ao passarem pelo portal, sentiram sua realidade se transformar. O tempo não fluiu mais linearmente. Matéria e energia fundiram-se numa paisagem impossível de descrever. Eles estavam num lugar onde as leis da física eram maleáveis, onde qualquer pensamento poderia moldar a forma do mundo ao seu redor. Diante deles, uma enorme estrutura, uma fortaleza de luz e escuridão, surgiu do nada – o Nó dos Deuses, o lugar onde tudo e nada coexistiam.

“Esse é o ponto”, murmurou MaRa. “Aqui todas as realidades se encontram. Aqui, os criadores do Multiverso cuidam das cordas.”

Mas à medida que avançavam, CosTelor percebeu que algo estava errado. Ao redor da fortaleza, as tiras pareciam cortadas, contorcidas em um caos perigoso. Foi como se o próprio Nodo tivesse sido atacado e seu equilíbrio destruído.

"Quem seria forte o suficiente para fazer isso?" ele perguntou.

MaRa não respondeu imediatamente. Ele sentiu que a resposta estava no coração do Nó. À frente deles, uma figura começou a tomar forma na escuridão – um ser alto, quase etéreo, mas com uma aura de imenso poder. Uma entidade que parecia ter sido criada a partir das próprias cordas.

“Eu sou o Último”, disse a entidade, sua voz ressoando como um eco antigo das profundezas do tempo. “O último daqueles que zelaram pela realidade. Fui criado para manter o equilíbrio. Mas agora, o equilíbrio foi quebrado."

MaRa sentiu um arrepio percorrer seu corpo. “Como foi quebrado? E quem quebrou?"

Este último estendeu as mãos, apontando para as tiras retorcidas ao seu redor. "O equilíbrio foi desestabilizado pelos vossos conflitos. As realidades não podem suportar esta tensão. As Sombras do Infinito, suas viagens através de nós temporais e distorções no espaço enfraqueceram o Nó. Eu fui o único sobrevivente."

Costelor deu um passo à frente, ciente da gravidade do que estava sendo dito. “Se o equilíbrio for quebrado, o Multiverso entrará em colapso?”

“Não apenas o Multiverso”, respondeu o Último. "Mas todas as realidades possíveis. Tudo o que existe ou poderia existir será absorvido pelo caos primordial. E não tenho o poder de restaurar esse equilíbrio sozinho."

MaRa agora entendia a verdadeira gravidade da situação. O Nodo dos Deuses não era apenas um ponto central do Multiverso. Era o eixo que mantinha todas as realidades possíveis unidas e, sem os Vigilantes para manter a ordem, as cordas se desfariam, absorvendo todas as dimensões no caos.

"O que podemos fazer?" ela perguntou, sua voz refletindo uma urgência que ela nunca havia sentido antes.

Este último olhou para eles com profunda tristeza. “Para restaurar o equilíbrio, vocês devem se tornar os novos vigias. Sem você, o Nó estará perdido para sempre e o Ilimitado engolirá tudo.”

MaRa e Costelor se entreolharam. Eles estavam prontos para tal responsabilidade? Eles estavam prontos para se tornar parte da estrutura do Multiverso, para sacrificar sua liberdade para proteger tudo?

"Deve haver outra maneira", disse CosTelor suavemente.

“Não há outro caminho”, respondeu o Último. "Se você não aceitar, todos perecerão."

MaRa olhou em volta, sentindo as tiras se desfazendo cada vez mais rápido. Ele sabia que eles tinham uma escolha impossível a fazer, mas necessária. “Nós aceitamos”, disse ela, apesar das dúvidas que a atormentavam.

Este último estendeu as mãos e os fios ao redor deles se fundiram, envolvendo MaRa e CosTelor em uma luz ofuscante. Eles sentiram suas consciências se expandirem, tornando-se um com o Nó, parte da própria estrutura do Multiverso.

E então, num momento de absoluta clareza, MaRa compreendeu a verdade: não se tratava de controle ou poder. Tratava-se de harmonia. Sobre permitir que todas as realidades existam, sem dominá-las. O Nó dos Deuses não era apenas um centro de poder, mas um lugar de criação infinita.

Naquele momento, eles se tornaram mais que observadores. Eles eram os novos arquitetos da realidade, os guardiões das cordas que mantinham tudo unido. O multiverso continuou a pulsar, e eles agora faziam parte dessa pulsação eterna, cães de guarda do frágil equilíbrio entre o caos e a ordem.

Mas à sombra das suas novas percepções, outra força estava em ação. Aquele que estava esperando para testar os limites dos novos observadores do Nodo.

Autor

  • Nasceu em 31 de janeiro de 1978, em Bucareste. Engenheiro diplomado pela Universidade "Politehnica" de Bucareste, Departamento de Ciências da Engenharia, Ramo Francófono, Divisão Elétrica, especialização "Engenharia Elétrica e de Computação" (cursos em francês), estudos aprofundados na área de engenharia elétrica na École Polytechnique Fédérale de Lausanne na Suíça (cursos de francês e inglês), especialização de pós-graduação em pedagogia no Departamento de Formação de Pessoal Docente da Universidade "Politehnica" de Bucareste. Doutor em engenharia com a qualificação "muito bom" (magna cum laude) na área de engenharia elétrica pela Universidade "Politehnica" de Bucareste, Faculdade de Engenharia Elétrica. Professor universitário (preparador, assistente, chefe de trabalhos) há 21 anos na Faculdade de Energia da Universidade "Politehnica" de Bucareste e membro da Comissão para o Desenvolvimento da Criatividade da Academia Romena de Cientistas (AOSR). Conselheiro do Ministério da Educação, Centro Nacional de Reconhecimento e Equivalência de Diplomas desde 2007. Membro da Associação Geral de Engenheiros Romenos (AGIR), da Associação "Sociedade Científica ICPE" (SS ICPE), do Centro de Ciências , Prospectiva, Criatividade e Ficção (StrING Center) e voluntária no projeto TROM.

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